O que aprendi com as minhas reprovações em concursos públicos?
Por mais preparo, determinação e empenho que você tenha, as reprovações em concursos públicos são obstáculos pelos quais você terá que passar. No entanto, sabemos que “falhar” sempre tem um gosto amargo.
No entanto, a reprovação não é o fator mais importante – ela também faz parte de uma jornada de sucesso.
Isso porque, o que realmente importa é como o candidato lida com isso, ou seja, o que fazer após as reprovações em concursos.
Alguns vão se deprimir e desistir, outros vão ter uma grande desilusão e levarão um tempo para digerir, enquanto terceiros vão usar a reprovação como oportunidade.
As reprovações em concursos públicos devem ser vistas como parte do processo e, dessa maneira, é necessário buscar ver onde errou e aprender com os erros para não cometê-los novamente.
Quem me vê hoje, como Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo, nem imagina quantas reprovações em concursos sofri desde 1991.
E posso te afirmar que todas elas foram essenciais para que eu alcançasse o sucesso que hoje alcancei.
Se você acabou de “tomar bota” em algum concurso, te recomendo a continuar a leitura. Convidei o Master Coach Felipe Lima para conversarmos um pouco sobre a relação entre aprendizado, superação e reprovações em concursos públicos. Confira!
Primeira lição: não menospreze as disciplinas que você não gosta ou que tenham mínimo
Com 13 para 14 anos de idade, eu estudei para concursos de escolas militares e o mais desejado era o do Colégio Naval, em Angra dos Reis – RJ.
Fui aprovado na prova do Espcex (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), na prova da Epcar (Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica) e, finalmente, chegou a prova do Colégio Naval.
Na época, eram quatro provas: Matemática, Português, História/Geografia e Física/Química. Eram 25 questões cada uma e, para ser aprovado, era necessário acertar pelo menos 13 questões em cada uma.
Na época, só estudei o que eu gostava e menosprezei as duplas História/Geografia e Física/Química. Tirei ótima nota em Matemáticae Português, fui razoável em História e Geografia mas, em Física e Química, tirei 12. Reprovei por apenas um ponto!
A partir desse momento, é claro que precisei lidar com a frustração, mas nunca mais dei a mesma bobeira.
Dessa forma, o maior aprendizado dessa experiência foi: se você se deparar com disciplinas que tenham um mínimo de pontuação, estude-as com seriedade.
De nada vai adiantar você “arrebentar” em outras disciplinas se deixar uma para trás e não atingir o mínimo exigido dela.
Segunda lição: evite a autossabotagem
Após a reprovação no Colégio Naval, ingressei na Espcex, cursei o primeiro e o segundo ano de Ensino Médio e, no terceiro ano, fui fazer um cursinho pré-vestibular.
Como sempre fui apaixonado por Exatas, decidi cursar Informática, na época um curso mais difícil que Medicina.
O curso na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) era o mais concorrido no estado. Logo, eu preferi focar para passar na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Fui aprovado em ambos e, descrente do vestibular da UFRJ, deixei o concurso em segundo plano, indo a uma festa no dia anterior.
Fiz a prova da UFRJ sem dormir, após uma noite de curtição em uma festa e, novamente, não fui aprovado por apenas um ponto.
Felipe Lima alerta sobre o erro que cometi, que é ser aliado do pessimismo: “Às vezes você não esgota o edital ou não valoriza sua preparação, logo, para não se frustrar, você já faz uma determinada prova com pessimismo e acaba se auto sabotando.”
Dessa forma, acredite sempre em você. Mesmo que sinta que não está 100% preparado, faça suas provas com seriedade.
Em suma, é melhor obter uma reprovação por não estar 100% preparado, mas ficar de experiência, do que “perder” por pouco, simplesmente por não acreditar em você.
Terceira lição: o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro
Eu cursei um semestre de Informática na UFF, no ano seguinte prestei novamente o vestibular para UFRJ, fui aprovado e lá cursei a graduação, oficialmente.
Na metade da graduação, tomei a decisão de começar a estudar para concursos públicos. Nessa época, alcancei minhas primeiras aprovações no serviço público: Auditor Fiscal da Prefeitura de Belo Horizonte – MG e depois para Auditor Fiscal do Estado de Minas Gerais e, em uma terceira oportunidade, para Técnico de Finanças e Controle, um cargo de nível médio do Ministério da Fazenda.
Finalmente, em 1994, fui prestar o concurso público dos meus sonhos: Auditor Fiscal do Tesouro Nacional, hoje Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.
Após ser aprovado em tantos concursos anteriores, fui fazer o concurso da Receita com uma confiança muito elevada. Afinal, eram muitas vagas e eu já tinha experiência com outras aprovações.
Claro que eu estudei com muita seriedade, mas cheguei à prova com a confiança muito elevada, subestimando a concorrência. Nessa altura, vocês já devem imaginar o que aconteceu: fui reprovado por apenas um ponto, de novo.
O resultado, é claro, me gerou extrema tristeza e frustração. Dessa forma, aprendi a lição: o sucesso do passado não garante o sucesso do futuro.
Ou seja, não podemos subestimar a concorrência: se você não fizer a sua parte, facilmente será superado por outros candidatos.
A frustração foi tão grande que eu não prestei o mesmo concurso somente seis meses depois. Só fui tentar novamente 10 anos depois.
Quarta lição: o concurseiro precisa cuidar da saúde
Esse mesmo concurso, para a Receita Federal, me proporcionou a quarta lição com as reprovações.
Faltando cerca de duas semanas para a prova, em uma noite, fui à praia, tomar uma cerveja e relaxar.
Tomei uma baita friagem na ocasião e peguei a pior gripe da minha vida, precisando tomar até três antibióticos diferentes, que me atrapalhou bastante naquela reta final.
Dessa forma, o concurseiro, principalmente após a publicação do edital, deve ser paranoico: preserve-se, cuide da sua saúde. Você não vai querer que uma gripe coloque a perder tantos meses ou até mesmo anos de estudo.
“As pessoas costumam falar que vão cuidar da saúde, fazer exercícios físicos e cuidar da alimentação depois que passar no concurso. Mas esses cuidados são fundamentais durante a preparação”, explica o coach Felipe Lima.
Após aprender as lições, fui aprovado nos concursos da Receita Federal e do estado de SP
De 1995 a 2006, exerci o cargo de Auditor Fiscal da Prefeitura de Belo Horizonte. Porém, na época, o cargo não contava com um bom salário e eu vivia com contas em aberto.
No entanto, no conformismo, eu sempre via nas bancas a Folha Dirigida, falando sobre concursos da Área Fiscal.
Assim sendo, eu sempre vivia no arrependimento: “poderia estar estudando”. Em 2005, tomei a decisão, portanto, de voltar a estudar e tentar o concurso de Auditor-Fiscal da Receita Federal.
Porém, dessa vez, aprendi com todas as minhas reprovações em concursos: não menosprezei nenhum conteúdo, não pratiquei autossabotagem, não contei vantagem e cuidei da saúde.
Com tamanha inteligência emocional e preparação, fui aprovado no concurso com apenas cinco meses de estudo. Além disso, prestei logo após o concurso para Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo. O segundo, foi o cargo que escolhi e exerço até hoje.
De fato, eu demorei muito para me reerguer. De 1995 a 2005, continuei estudando, mas não para concursos. Fiz outra graduação, especialização e mestrado, mas só depois resolvi encarar novos concursos.
No entanto, diante das reprovações em concursos, é importante tirar forças para continuar e ser igual ao Juggernaut, personagem da Marvel: quebrar todas as paredes que tiver em seu caminho. Dessa forma, abaixe a cabeça, estude e depois bote para quebrar!
Reprovações em concursos públicos não precisam ser sofridas!
“O que dói não é a reprovação, é a culpa”, aponta Felipe Lima. Portanto, não se culpe. Continue lutando.
Por fim, saiba que, todo mundo, pelo menos uma vez na vida, precisa encarar uma negativa para os seus sonhos.
É claro que as reprovações em concursos públicos sempre vão doer. No entanto, é importante aprender a levantar o quanto antes. Em suma, chore as mágoas por um, dois ou três dias, mas persista. Não demore 10 anos como eu!
Um abraço, Alexandre Meirelles e Felipe Lima.
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